A minha avó cozinhava-o; receita aprendida do outro lado do oceano, quando os tempos não eram mais fáceis que os de hoje... A avó partiu; receita escrita: inexistente... Reinventei a recordação daquele petisco (de que nem sequer gostava!).
Começo por esconder o fundo do tacho largo com azeite tradicional, do Douro, daquele denso, perfumado e dourado, que nos faz ter orgulho em sermos portugueses.
Ligo o fogão e espero que o calor invada lentamente o tacho. Quando sinto o azeite já quente despejo dentro as malvadas cebolas e um inocente dente de alho picado; e delicio-me a ouvir o alegre gargalhar da cebola!
Reduzo o calor, e coloco o testo, para acalmar a excitação da cebola. Há que ajudá-la serenar, para que calmamente liberte os seus sucos e aromas. Antes porém, dou-lhe alento com um pouco de sal e pimenta.
Um toque de polpa de tomate vem, minutos depois, enriquecer o molho e encher o petisco com a cor da paixão.
Quando a cebola estiver macia, chegou o momento de acrescentar salsichas. Uma a uma, abanando o tacho com energia, para que se misturem com os demais ingredientes.
Três minutos mais e basta.
Já não choro. A cebola agora está macia. Também já sei apreciar este petisco. Preparo uma sande e observo-a antes de provar...
Mergulho nas recordações da infância.
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