Sempre adorei o Natal! A magia
da festa, os cheiros, a ansiedade pelos presentes, os pequenos jogos em
família, o aconchego do lar… Tenho ótimas recordações dos natais da infância!
De há uns anos para cá, porém,
o Natal é também saudade e nostalgia; por isso, transformou-se num misto de alegria e
tristeza.
Creio que é mesmo assim! O
tempo passa, crescemos, sofremos, aprendemos, e parte da magia jamais voltará.
O desafio é, pois manter viva a criança livre, ingénua e feliz, ávida pela
noite de Natal, que guardamos na memória.
O Natal do passado, aos poucos,
vai sendo complementado e substituído por novas pessoas, novas tradições, novos
momentos.
De há uns anos para cá, sou a
anfitriã no Natal. Os doces são gentilmente confecionados pelos demais
comensais, pois esse não é o meu forte na cozinha. Eu trato do bacalhau e do peru!
Na noite de Natal, o bacalhau
chega à mesa com todos: as batatas cozidas com casca, a cenoura, as pencas
robustas, os grelos viçosos, os ovos e os nabos. E o azeite é presença
obrigatória, para enriquecer e colorir o prato com o seu dourado festivo.
Para o dia de Natal, recheei já
pernas de peru desossadas, com farinheira. Atei em rolo, e temperei com uma
pasta de azeite, alhos, sal, tomilho, colorau e pimenta preta, que preparei no
meu almofariz novo!
Vou assá-las em forno lento, regando-as
com vinho branco, e serão bem acompanhadas por batatinhas também assadas, temperadas singelamente
com sal e colorau, e uma salada colorida, para alegrar a mesa.
Adoro os cheiros a canela e
frutos secos! Adoro ver as travessas cheias de doces tradicionais, o queijo
beirão a derreter na tábua de queijos, as garrafas de vinho e espumante
nacionais a passar de mão em mão… Esta é a festa por excelência
dos petiscos!
E hoje, em especial, a festa tem outro sabor: o meu presente de
Natal é a concretização do meu objetivo do ano de publicar uma mensagem por dia
neste blogue!
O blogue termina aqui. Obrigada
a todos que o seguiram e que partilharam as suas sensações comigo e com os
demais leitores.
Outros projetos estão já a
caminho… o novo ano também. Porque o mundo gira, em contínuo!
Devorem a vida!
O Natal é uma festa de emoções
e sensações.
Sintam, cheirem, degustem,
toquem e abracem, vejam e ouçam com toda a intensidade, pois é destes pequenos
bons momentos que é feita a vida!
Feliz Natal!
Que falta de atenção a minha!
Só a três dias do final deste
blogue é que me apercebi de que me falta colocar aqui a indicação:
“Ainda que com o meu desacordo,
este blogue é escrito de acordo com o acordo ortográfico acerca do qual ainda
falta chegar a acordo e com o qual a maioria está em desacordo”.
Pensando melhor, ainda bem que
só agora escrevi isto, pois a confusão é tal que poderia ter espantado os meus
queridíssimos leitores!
Com acordo ou sem acordo,
continuem desse lado… de acordo?
Já que passámos o ano
entroikados, não poderia terminar esta minha saga literário-gastronómica sem
esta receita de autor, de minha
autoria!
A omoletroika é uma reinvenção
da popular omelete, inspirada nos princípios de austeridade da benfeitora troika que nos tem ajudado emprestando
dinheiro a juros altíssimos (estilo: pôr a dívida pública a levedar…).
Bom, mas para não entrar em
polémicas político-económicas e porque lamúrias não pagam dívidas, volto à
minha criação.
Devo começar por revelar que, à
semelhança de um dos refrigerantes mais consumidos em todo o mundo, tratou-se
de uma invenção fortuita.
Tudo começou quando decidi
fazer umas bolachinhas de queijo natalícias, seguindo uma receita da grande
mestre da culinária que foi e é Maria de Lurdes Modesto, e dei por mim a ficar
com uma clara e um ovo batido quase inteiro (de pincelar as bolachas) como
desperdício.
No tempo dos nossos avós, em
que a comida e o dinheiro escasseavam, nada se deitava fora e do pouco se fazia
muito. “Nuestros hermanos”, por exemplo, até faziam “tortillas” (omeletes de
batata) sem ovos… Eu não fui tão longe, mas decidi seguir estes ensinamentos e…
nada mais fácil: juntando a clara ao resto do ovo, e acrescentando uma fatia de
mortadela, criei a omeletroika!
Em trinta e tantos anos, esta é
a terceira vez que Portugal necessita de apoio financeiro internacional: digam
lá se fazer como eu e seguir os ensinamentos da experiência não nos teria
poupado muitos dissabores?
(
Lá voltei eu à política!...)
Rumando a uma abordagem
médico-nutricional: esta minha criação marca pontos em termos de redução do
consumo de gorduras, pois é na gema que estas se concentram!
Por isso, não se diga que por
causa da crise se come pior! Alguns dos alimentos mais saudáveis são os mais
baratos! Qualquer nabo (!) em matemática é capaz de verificar como fica em
conta um bom prato de sopa!
É claro que lavar e descascar
os vegetais dá mais trabalho que tirar uma embalagem de comida pré-confecionada
e coloca-la no micro-ondas… mas, isso, é outra crise… bem mais difícil de
solucionar que a financeira: a crise de valores e de prioridades…
Tenho pensado muito sobre o dia
de hoje…
Tenho pensado, sobretudo, na
desilusão que sentirão aqueles que predisseram o fim do mundo baseando-se numa
interpretação ignorante da sabedoria Maia; como ficarão desapontados por o seu
vaticínio não se concretizar!
Penso também nessa angústia tão
terrível que a incerteza sobre o fim causa, e que leva a esta necessidade de marcar
uma data para o seu encontro… O desconhecido é certamente
assustador, se não o aceitamos com naturalidade.
Certo é que a morte é certa. Um dia, serenamente, haveremos
de a encontrar… até lá, só existe o presente.
Tomé tinha uma inabalável
ausência de fé.
Acreditava em que as religiões
eram um sucedâneo dos mitos ancestrais, criadas pelos homens apenas para
explicar aquilo que não entendiam e para regular a vida em comunidade. Respeitava
todos os credos, mas nenhum deles professava.
Talvez por isso todos lhe
tenham dado crédito quando, certo dia, apareceu em praça pública a gritar:
- Meus irmãos, a solução para os males do
mundo é que nos aproximemos de Deus!...
Senhoras e senhores, meninas e
meninos! Benvindo ao circo da vida, respeitável público!
Temos feras e outros animais,
domadores, palhaços… muitos palhaços!
E a maior atração do
espetáculo: os ilusionistas: far-vos-ão acreditar que tudo é mais complexo que
o que realmente é, hipnotizar-vos-ão até que façais tudo o eles ordenam,
escravos das suas vontades; dar-vos-ão poder ilusório, e logo vos subjugarão
com as suas capacidades superiores de ludibriar…
Arriscado número – é verdade! –
pois pode o feitiço virar-se contra o feiticeiro…
Mas é esta a magia do circo!