terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O presente

Sempre adorei o Natal! A magia da festa, os cheiros, a ansiedade pelos presentes, os pequenos jogos em família, o aconchego do lar… Tenho ótimas recordações dos natais da infância!
De há uns anos para cá, porém, o Natal é também saudade e nostalgia; por isso, transformou-se num misto de alegria e tristeza.
Creio que é mesmo assim! O tempo passa, crescemos, sofremos, aprendemos, e parte da magia jamais voltará. O desafio é, pois manter viva a criança livre, ingénua e feliz, ávida pela noite de Natal, que guardamos na memória.
O Natal do passado, aos poucos, vai sendo complementado e substituído por novas pessoas, novas tradições, novos momentos.
De há uns anos para cá, sou a anfitriã no Natal. Os doces são gentilmente confecionados pelos demais comensais, pois esse não é o meu forte na cozinha. Eu trato do bacalhau e do peru!
Na noite de Natal, o bacalhau chega à mesa com todos: as batatas cozidas com casca, a cenoura, as pencas robustas, os grelos viçosos, os ovos e os nabos. E o azeite é presença obrigatória, para enriquecer e colorir o prato com o seu dourado festivo.
Para o dia de Natal, recheei já pernas de peru desossadas, com farinheira. Atei em rolo, e temperei com uma pasta de azeite, alhos, sal, tomilho, colorau e pimenta preta, que preparei no meu almofariz novo!
Vou assá-las em forno lento, regando-as com vinho branco, e serão bem acompanhadas por batatinhas também assadas, temperadas singelamente com sal e colorau, e uma salada colorida, para alegrar a mesa.
Adoro os cheiros a canela e frutos secos! Adoro ver as travessas cheias de doces tradicionais, o queijo beirão a derreter na tábua de queijos, as garrafas de vinho e espumante nacionais a passar de mão em mão… Esta é a festa por excelência dos petiscos!
E hoje, em especial, a festa tem outro sabor: o meu presente de Natal é a concretização do meu objetivo do ano de publicar uma mensagem por dia neste blogue!
O blogue termina aqui. Obrigada a todos que o seguiram e que partilharam as suas sensações comigo e com os demais leitores.
Outros projetos estão já a caminho… o novo ano também. Porque o mundo gira, em contínuo!
Devorem a vida!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal!

O Natal é uma festa de emoções e sensações.
Sintam, cheirem, degustem, toquem e abracem, vejam e ouçam com toda a intensidade, pois é destes pequenos bons momentos que é feita a vida!
Feliz Natal!

domingo, 23 de dezembro de 2012

De acordo?

Que falta de atenção a minha!
Só a três dias do final deste blogue é que me apercebi de que me falta colocar aqui a indicação:
“Ainda que com o meu desacordo, este blogue é escrito de acordo com o acordo ortográfico acerca do qual ainda falta chegar a acordo e com o qual a maioria está em desacordo”.
Pensando melhor, ainda bem que só agora escrevi isto, pois a confusão é tal que poderia ter espantado os meus queridíssimos leitores!
Com acordo ou sem acordo, continuem desse lado… de acordo?

sábado, 22 de dezembro de 2012

Omeletroika

Já que passámos o ano entroikados, não poderia terminar esta minha saga literário-gastronómica sem esta receita de autor, de minha autoria!
A omoletroika é uma reinvenção da popular omelete, inspirada nos princípios de austeridade da benfeitora troika que nos tem ajudado emprestando dinheiro a juros altíssimos (estilo: pôr a dívida pública a levedar…).
Bom, mas para não entrar em polémicas político-económicas e porque lamúrias não pagam dívidas, volto à minha criação.
Devo começar por revelar que, à semelhança de um dos refrigerantes mais consumidos em todo o mundo, tratou-se de uma invenção fortuita.
Tudo começou quando decidi fazer umas bolachinhas de queijo natalícias, seguindo uma receita da grande mestre da culinária que foi e é Maria de Lurdes Modesto, e dei por mim a ficar com uma clara e um ovo batido quase inteiro (de pincelar as bolachas) como desperdício.
No tempo dos nossos avós, em que a comida e o dinheiro escasseavam, nada se deitava fora e do pouco se fazia muito. “Nuestros hermanos”, por exemplo, até faziam “tortillas” (omeletes de batata) sem ovos… Eu não fui tão longe, mas decidi seguir estes ensinamentos e… nada mais fácil: juntando a clara ao resto do ovo, e acrescentando uma fatia de mortadela, criei a omeletroika!
Em trinta e tantos anos, esta é a terceira vez que Portugal necessita de apoio financeiro internacional: digam lá se fazer como eu e seguir os ensinamentos da experiência não nos teria poupado muitos dissabores?
(Lá voltei eu à política!...)
Rumando a uma abordagem médico-nutricional: esta minha criação marca pontos em termos de redução do consumo de gorduras, pois é na gema que estas se concentram!
Por isso, não se diga que por causa da crise se come pior! Alguns dos alimentos mais saudáveis são os mais baratos! Qualquer nabo (!) em matemática é capaz de verificar como fica em conta um bom prato de sopa!
É claro que lavar e descascar os vegetais dá mais trabalho que tirar uma embalagem de comida pré-confecionada e coloca-la no micro-ondas… mas, isso, é outra crise… bem mais difícil de solucionar que a financeira: a crise de valores e de prioridades…

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Reflexões

Tenho pensado muito sobre o dia de hoje…
Tenho pensado, sobretudo, na desilusão que sentirão aqueles que predisseram o fim do mundo baseando-se numa interpretação ignorante da sabedoria Maia; como ficarão desapontados por o seu vaticínio não se concretizar!
Penso também nessa angústia tão terrível que a incerteza sobre o fim causa, e que leva a esta necessidade de marcar uma data para o seu encontro… O desconhecido é certamente assustador, se não o aceitamos com naturalidade.
Certo é que a morte é certa. Um dia, serenamente, haveremos de a encontrar… até lá, só existe o presente.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Credo

Tomé tinha uma inabalável ausência de fé.
Acreditava em que as religiões eram um sucedâneo dos mitos ancestrais, criadas pelos homens apenas para explicar aquilo que não entendiam e para regular a vida em comunidade. Respeitava todos os credos, mas nenhum deles professava.
Talvez por isso todos lhe tenham dado crédito quando, certo dia, apareceu em praça pública a gritar:
- Meus irmãos, a solução para os males do mundo é que nos aproximemos de Deus!...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Circo da vida

Senhoras e senhores, meninas e meninos! Benvindo ao circo da vida, respeitável público!
Temos feras e outros animais, domadores, palhaços… muitos palhaços!
E a maior atração do espetáculo: os ilusionistas: far-vos-ão acreditar que tudo é mais complexo que o que realmente é, hipnotizar-vos-ão até que façais tudo o eles ordenam, escravos das suas vontades; dar-vos-ão poder ilusório, e logo vos subjugarão com as suas capacidades superiores de ludibriar…  
Arriscado número – é verdade! – pois pode o feitiço virar-se contra o feiticeiro…
Mas é esta a magia do circo!