terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Miguel

Adepto ferrenho! Assim se auto-intitulava Miguel, com certo orgulho, até!
Em dias de jogo em casa, apetrechava-se com o cachecol, os auriculares para ouvir rádio no telemóvel, e uns trocos para a cerveja no bar da esquina.
Chegado ao estádio, assim que vislumbrava o relvado, sentia uma emoção profunda!
Cumprimentava efusivamente os companheiros de bancada mais próximos com um aperto de mão – meros desconhecidos que, naqueles momentos, por força da afinidade clubística, passavam a ser da família! Saudava os jogadores com o hino do clube, berrado em uníssono; praguejava contra o árbitro, vibrava com os lances falhados; assobiava, gritava e alcançava o êxtase com o:
- GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLO!
Regressava a casa revigorado, quando o resultado era a vitória da sua equipa!
E recordava sempre como as palavras do pai, haviam influenciado determinantemente a sua escolha clubística, há muitos anos atrás, quando o seu pequeno coração de miúdo batia mais forte por outra cor:
- Ou és do meu clube ou não te levo mais a ver a bola!
Assim aprendera a amar o seu clube. Assim aprendera como é tortuosa a relação entre a liberdade de escolha e o poder…

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