sábado, 22 de dezembro de 2012

Omeletroika

Já que passámos o ano entroikados, não poderia terminar esta minha saga literário-gastronómica sem esta receita de autor, de minha autoria!
A omoletroika é uma reinvenção da popular omelete, inspirada nos princípios de austeridade da benfeitora troika que nos tem ajudado emprestando dinheiro a juros altíssimos (estilo: pôr a dívida pública a levedar…).
Bom, mas para não entrar em polémicas político-económicas e porque lamúrias não pagam dívidas, volto à minha criação.
Devo começar por revelar que, à semelhança de um dos refrigerantes mais consumidos em todo o mundo, tratou-se de uma invenção fortuita.
Tudo começou quando decidi fazer umas bolachinhas de queijo natalícias, seguindo uma receita da grande mestre da culinária que foi e é Maria de Lurdes Modesto, e dei por mim a ficar com uma clara e um ovo batido quase inteiro (de pincelar as bolachas) como desperdício.
No tempo dos nossos avós, em que a comida e o dinheiro escasseavam, nada se deitava fora e do pouco se fazia muito. “Nuestros hermanos”, por exemplo, até faziam “tortillas” (omeletes de batata) sem ovos… Eu não fui tão longe, mas decidi seguir estes ensinamentos e… nada mais fácil: juntando a clara ao resto do ovo, e acrescentando uma fatia de mortadela, criei a omeletroika!
Em trinta e tantos anos, esta é a terceira vez que Portugal necessita de apoio financeiro internacional: digam lá se fazer como eu e seguir os ensinamentos da experiência não nos teria poupado muitos dissabores?
(Lá voltei eu à política!...)
Rumando a uma abordagem médico-nutricional: esta minha criação marca pontos em termos de redução do consumo de gorduras, pois é na gema que estas se concentram!
Por isso, não se diga que por causa da crise se come pior! Alguns dos alimentos mais saudáveis são os mais baratos! Qualquer nabo (!) em matemática é capaz de verificar como fica em conta um bom prato de sopa!
É claro que lavar e descascar os vegetais dá mais trabalho que tirar uma embalagem de comida pré-confecionada e coloca-la no micro-ondas… mas, isso, é outra crise… bem mais difícil de solucionar que a financeira: a crise de valores e de prioridades…

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