Poções & outras tentações

Faz hoje uma semana que fiz esta receita, a pedido de uma amiga.
Se eu fosse uma grande chef da ribalta culinária, diria que é um exemplo da cozinha de fusão, mas como a minha verdadeira especialidade são as letras, digo apenas que é uma receita simples, com um cheirinho a Galiza.
A Galiza é a província espanhola que faz fronteira com o nosso verde Minho. Os galegos assemelham-se bastante a nós, mas guardam segredos intemporais - herança da cultura celta - de feitiços e bruxas, a quem chamam meigas...
Tranquilos! Esta receita só enfeitiça o paladar!
Comecemos por cobrir o fundo da panela com fluido dourado (vulgo: azeite). Deixemo-lo aquecer um pouco e juntemos meias luas de cebolas e dentes de alho (contra os feitiços) picadinhos É ouvi-los gargalhar sinistramente enquanto o calor os amacia!
Passados alguns minutos, acrescentam-se pimentos cor de sangue partidos em pedaços. Agora, à margem da receita original, pode funcionar a nossa criatividade e gosto pessoais: acrescentamos (ou não!) pimento verde, pimento amarelo, cogumelos (não venenosos!), curgete, cenoura ralada, milho, ervilhas, azeitonas, ...
Tempera-se com sal, pimentão-doce e açafrão.
Tapa-se o caldeirão - desculpem: a panela, reduz-se o calor e deixa-se estufar um pouco. Passados alguns minutos, junta-se atum em lata e volta a apurar os sabores.
Exceto quanto à parte “criativa”, este é um dos recheios típicos das empanadas  galegas.
Como não tenho a receita da massa tradicional, uso massa quebrada, da que se compra no supermercado. E aqui é que entra a verdadeira magia da receita: é só abrir a embalagem e a massa está pronta!
Forro uma forma redonda com a massa, pico-a, para que não enfole ao assar, e deito o recheio sobre ela.
Não vá o Diabo tecê-las, mais vale, depois de degustar esta receita (semi) galega, acabar a patuscada com uma tradicional queimada, para exorcizar os maus espíritos…
 "- Yo no creo en brujas..."